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terça-feira, 28 de julho de 2009

DEIXA TUDO COMO ESTÁ 2- PAULA BOTELHO

Deixa tudo como está 2

Por isso te peço
deixa tudo como está.
Deixa-me em liberdade ser capaz
de te lembrar quando vejo o mar
onde o medo se esquece e o corpo procura
apenas a passagem

Deixa tudo como está
Tens que ser capaz de não ter medo do futuro
sempre que não tens nada para fazer.

VALOR DE PROPRIEDADE: 50€ A FAVOR DA ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DOS ANIMAIS DA ILHA TERCEIRA

MOMENTO

MOMENTO Paula Botelho


Momento
Eu em mim
Cada vez mais vício
Cada vez mais prisioneiro descalço
Cada vez mais corpo rasurado
Cada vez menos eu em mim.

Cada vez mais longe
Cada vez mais fuga
Cada vez mais extra long size
gordura em vez de céu
Cada vez menos eu
Menos tu
Menos momento.


VALOR DE COMPRA 50€ A FAVOR DA ASSOCIAÇÃO NÚCLEO DOS AMIGOS DOS ANIMAIS DE SINTRA.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

DEIXA TUDO COMO ESTÁ... - paula botelho

para Niura Severo

Deixa tudo como está.
As razões de que não nos lembramos
ainda são razões.
Ainda são das mãos a mesma força
com que rasgámos, apertámos, desligámos, destruímos, esquecemos, chegámos a negar
a monotonia, a decepção, o vício da noite sobre o tempo. Na memória deixámos pássaros mortos
e no peito um ninho incendiado.
Ainda sentimos as dores do crescimento nos ossos sibilares
que em tenda cobriram o silêncio.
E que bem nos soube este descanso.
A falta de tempo é cada vez maior
pouco a pouco deixamos de poder negociar o que é futuro.

Deixa tudo como está.
Porque será sempre assim
a saudade e o cansaço de mãos dadas.
Ambas dextras. Ambas esquerdinas.

Deixa tudo como está
Daqui para frente todo o tempo será pouco
Para nos perdermos outra vez.


VALOR De propriedade: 50€ A FAVOR DA ASSOCIAÇÃO DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS. ALGARVE.

domingo, 26 de julho de 2009

HOJE OU EM DIAS ASSIM - paula botelho

Hoje ou em dias assim
torna-se urgente acordar-te o peito
livrá-lo da mágoa ou menos desesperadamente
arrombá-lo pela garganta bêbeda do sangue.

Torna-se urgente livrar-te do corpo e do cansaço
do peso esmaltado dos dentes sem hotel no copo à cabeceira
deitar-te o corpo à terra sem sentidos
e deixar a fome no mundo sem ninguém.

Torna-se urgente ouvir-te pelo choro
não ser eu todo o vazio semântico que há em ti
jorna de ourives dentro do peito-pássaro
antes roldana de mãos sobre o pescoço
antes tiro-testemunha de um crime inanimado.

Hoje ou em dias assim
o hálito da noite
cheira a mijo parado nas esquinas
e eu acordo na carne do teu corpo
ou na incerteza do momento
como uma folga antiga por gozar
dentro do peito.

VALOR DE propriedade : 50€ A FAVOR DA ASSOCIAÇÃO BIANCA, SESIMBRA

SEXTO POEMA DE OFÍCIO - Paula Botelho








Pela paz morrerei só
sentindo no sangue o debandar dos pássaros
o timbre consolado do teu grito
a mesma razão socratizada

Morrerei viva
entrando pela morte ou pelo voo
deixarei de conjugar a incerteza
chegada intermitente ao coração dos olhos
antes o corpo como uma vírgula.



VALOR De propriedade: 50€ - A FAVOR DA ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DOS ANIMAIS SOS MOURA, MOURA

1º poema DE OFÍCIO - Paula Botelho

NIB para donativos : 0079.0000.07111348101.97
uniãozoofila@gmail.com
1


Desculpa-me se puderes
mas no que eu tiver culpa, desculpa-me mais tarde.
Para que eu tenha tempo para tudo.
Para ver de perto o migalhar dos pássaros,
para obrigar a noite a deitar-se comigo,
para cansar de vez o medo no meu peito.
Para descobrir se quem tu inventaste para eu amar
ainda existe em nós os dois.

Desculpa-me se puderes
frente ao medo
frente ao fracasso
frente ao tempo que ainda falta para
para o que falta
Desculpa-me pela fraqueza
de me salvar sozinha
porque te deixo as asas
das que não morrem ao dormir.


2

Eu desculpo-te o cansaço
das guerras
quando nada trazes para casa a não ser as lanças
o peito das chamas a destruir o corpo
o frio da febre do tamanho das ruas
e um medo enorme de que a conquista da paz
seja apenas a morte dos mortos e dos vivos.
Desculpo-te ainda o almoço de temoços e água
e a rudeza do silêncio contra os olhos.

E desculpo-te principalmente que me esqueças nas trincheiras
porque não tens culpa
de estar morta.

VALOR DE PROPRIEDADE 50€
A FAVOR DA UNIÃO ZOOFILA, LISBOA